O Dia de Campo foi realizado na Fazenda Irmãos Santos, em São José dos Quatro Marcos - maior bacia leiteira do estado, com produção anual de 700 mil litros. O objetivo foi unir a categoria, além de levar conhecimento e trocar informações. A fazenda Irmãos Santos é parceira e usuária do IDEAGRI.


Incremento na renda do produtor, maior contato com assistência técnica, incentivos financeiros para investimentos em tecnologia, melhorias na qualidade do leite produzido, regularização dos preços pagos pelas indústrias e organização para se ajustar às novas regras da Instrução Normativa 62 são alguns dos principais desafios da cadeia leiteira de Mato Grosso. O estado produz 700 milhões de litros anualmente, o equivalente a 2,3% da produção nacional. O rebanho leiteiro mato-grossense soma 1,5 milhão de cabeças. Cerca de 92% dos produtores são considerados de pequeno porte, com produção diária de até 200 litros de leite.

O assunto foi debatido no dia 20 de julho, durante o 1º Famato em Campo Leite, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite) e Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos.


Fazenda Irmãos Santos: Os irmãos Luiz Carlos, José Carlos e Ângelo Carlos Santos há 10 anos migraram da agricultura para a produção de leite. Na época eles tinham 15 vacas em lactação que produziam de 70 a 80 litros/dia. Atualmente, são 90 vacas em ordenha e a produção é de 1,1 mil litros de leite por dia com duas ordenhas.

Luiz Carlos Santos comenta: "Conseguimos atingir isso com melhorias em genética e investimentos em tecnologia. Hoje 100% de nossas vacas são inseminadas artificialmente e a ordenha é toda mecanizada".

Apesar dos investimentos e resultados, Santos revela que sente necessidade de melhorar a gestão da propriedade: "Somente este ano percebemos que precisamos investir também em gestão e planejamento. Estamos buscando nos qualificar para saber ao certo quais são nossos custos e se os R$ 0,76 que recebemos do laticínio da cidade é remunerador ou não", complementa.

No sentido de investir em gestão e planejamento, uma das ações adotadas foi a implantação do sistema de gestão IDEAGRI. Com a evolução da coleta e análise dos dados, a expectativa é aumentar a eficiência do sistema produtivo, em função do direcionamento adequado à tomada de decisões.


Segundo o presidente da Famato, Rui Prado, o objetivo da entidade é transformar a produção de leite numa atividade vantajosa ao produtor, visto que o preço pago pelas indústrias ainda dificulta a produção. Atualmente, o produtor recebe em média R$ 0,67, enquanto que o custo de produção gira em torno de R$ 0,50/ litro, segundo levantamento do Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite de Mato Grosso, feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e divulgado pela Famato em abril deste ano. "Outra situação verificada é que os preços pagos ao produtor diferem no território estadual e oscilam muito durante o ano. Para corrigir essas distorções e fixar um preço médio, a intenção é criar o Conselho do Leite de Mato Grosso (Conseleite) que deve ser constituído por todos que fazem parte da cadeia. Devemos fazer encontros mensais para que os produtores, entidades representativas e a indústria cheguem a um acordo sobre o preço referência praticado mensalmente", explica Prado.

Prado ainda salientou que a Famato está firmando parceria com a Embrapa Agrosilvipastoril e irá realizar quatro dias de campo sobre a pecuária leiteira do estado no próximo ano, além de cursos e treinamentos por meio de um Centro de Referência em Leite. O objetivo é formar novos técnicos que prestarão assistência técnica aos produtores de leite.

O presidente da Aproleite e também do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos, Alessandro Casado, comenta que um grande avanço para a produção no país foi a Lei 12.699/12, que entrou em vigor no dia 19 de junho. A legislação determina que as indústrias informem até o dia 25 de cada mês o preço pago ao produtor pelo litro de leite. "Antes dessa regulamentação, os produtores só sabiam o quanto receberiam pelo produto cerca de 60 dias depois de entregar a produção. Com a nova lei poderemos planejar melhor os investimentos na atividade produtiva por conhecer melhor a remuneração do produto", declara Casado.

De acordo a pesquisadora da Embrapa Sinop, Roberta Carnevalli, uma das palestrantes no evento, se houver planejamento adequado e os produtores cuidarem do animal e da pastagem, 80% dos problemas do setor são resolvidos. "Os cuidados mais simples não só ajudam a aumentar a produção, mas também a qualidade. Precisamos transformar o produtor em um empresário leiteiro. A propriedade precisa produzir, além de leite, alimentação de qualidade", comenta informando que 65 técnicos da Embrapa estão em formação para auxiliar os produtores na assistência técnica.

O produtor Antônio Carlos Bezerra Mourão, também de São José dos Quatro Marcos, conta que produz pouco mais de 50 litros diariamente e que participar do Famato em Campo foi muito importante. "Participar de eventos assim, onde podemos ter contato com as novas tecnologias e também com outros produtores, nos enriquece e abre os olhos para o que precisamos mudar e melhorar. Creio que o produtor de leite precisa se unir para alcançar melhores resultados, principalmente nós que somos pequenos produtores".

Enipec 2012 - A pecuária leiteira de Mato Grosso também será o tema central das discussões do Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec 2012), que será realizado em outubro deste ano em Cuiabá. Na programação estão previstas palestras sobre a qualidade do leite, sistemas de produção e mercado, entre outros, além de torneio leiteiro estadual e salas de crédito onde os produtores interessados poderão contratar direto dos bancos linhas de crédito para fomentar a produção.


O Sistema Famato é composto pelas entidades Famato, Imea, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e os 86 sindicatos rurais existentes em Mato Grosso.


Fonte: http://www.agrolink.com.br