Dentre todos os sistemas de produção de leite existentes no Brasil, sem dúvida nenhuma, o pasto é o mais utilizado. Os sistemas de produção de leite a pasto têm como principal característica o fato de os alimentos volumosos serem colhidos diretamente pelos animais, porém o pasto pode representar a totalidade ou apenas parte do total consumido. Neste segundo caso, a suplementação ocorre em momentos estratégicos, quando a pastagem não é suficiente, por exemplo, durante o período seco ou naqueles em que as baixas temperaturas limitam o crescimento da forrageira. Confira, na matéria da Revista Leite Integral, o sistema de produção de leite a pasto da CRP Agropecuária, localizada no município de Pompéu, Minas Gerais, cliente e parceira do IDEAGRI.

A CRP Agropecuária é uma empresa familiar, com atuação nas áreas de produção de leite a pasto sob 1 pivô central, de 27 ha, produção de grãos em áreas irrigadas por 17 pivôs centrais e plantio de florestas. Os resultados apresentados em todas as atividades são impressionantes, e reforçam a máxima de que, com boa gestão e persistência, qualquer negócio pode ser rentável. A família atua, ainda, na área de mineração, principalmente com extração e lapidação de pedra ardósia. Ressalta-se aqui, o fato de os negócios serem tratados, independentemente, e de não se tolerar que a eficiência de um seguimento mascare a ineficiência de outro. O negócio leite, por exemplo, compra os insumos da lavoura de grãos a preço de mercado.


Um pouco da história...

A história da CRP Agropecuária remonta à época em que a Sra. Zuleika Machado de Campos Reis, conhecida como Dona Fia, matriarca da família, ainda com seus 6 filhos pequenos, perdeu seu companheiro e assumiu sozinha a tarefa de criar os filhos e conduzir os negócios da família. O sucesso dessa empreitada é conhecido em toda a região e pode ser verificado quando vemos os resultados dos negócios da família e, principalmente, no relacionamento dos proprietários com todos que por ali passam, tanto visitantes quanto funcionários. O estado de bem-estar e satisfação de todos na propriedade salta aos olhos. Naquela época, a então Fazenda Cachoeira do Rio Pardo, era uma propriedade de 164 ha, onde se produzia 30 litros de leite por dia.


Hoje, a condução dos negócios da família está nas mãos dos filhos, sendo que a atividade agropecuária é responsabilidade do Sr. Fidel, e a gerência geral fica a cargo do Sr. Daniel Barbosa Maciel, que conta com seis funcionários no setor de produção de leite. A assistência técnica fica a cargo do Médico Veterinário Gabriel Renó, por meio do programa EDUCAMPO.

Instalações..

As instalações são muito simples e consistem de uma sala de ordenha do tipo espinha de peixe, com 12 conjuntos em linha média, equipada com cochos para fornecimento de concentrado. No curral de espera, as vacas recebem aspersão de água, para minimizar o estresse calórico. Na saída da ordenha, existe uma área para manejo dos animais. Esse conjunto de instalações conta ainda com um curral de manejo geral, um galpão para estocagem de concentrados e um escritório com almoxarifado. Para os funcionários, são disponibilizados alojamentos ou residências de padrão invejável. Existe também um refeitório, onde são oferecidas todas as refeições diárias. Sem dúvida nenhuma, a preocupação com as condições de trabalho, bem-estar e segurança é um ponto que chama a atenção na propriedade.

As instalações da CRP Agropecuária são simples e estão localizadas bem ao lado do pivô central, onde pastejam as vacas em lactação.

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Genética e Rebanho...

O esquema de cruzamentos busca manter um rebanho Girolando, com grau de sangue entre ½ sangue e ¾. Para isso, as vacas ½ sangue são inseminadas com sêmen de touros ¾, as vacas ¾ com ½ e as 5/8 com 5/8. Vacas com grau de sangue Holandês, acima de ¾, são inseminadas com sêmen ½ sangue.

O rebanho atual ocupa uma área total de 136 ha, e é composto por, aproximadamente, 800 cabeças, sendo 275 vacas em lactação, 45 vacas secas e o restante dividido entre bezerras em aleitamento e recria. Como podemos observar, a recria é bastante representativa no tamanho do rebanho, o que permite altas taxas de renovação e a realização de leilões anuais, oferecendo ao mercado animais de alto padrão, muito bem aceitos comercialmente. Fidel ressalta que “muitos compradores têm voltado, ano após ano, o que comprova a qualidade dos animais ofertados”.

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Manejo...

A rotina diária na CRP Agropecuária é muito simples. As vacas em lactação são mantidas, todo o tempo, no pastejo rotacionado sob o pivô, divididas em três lotes, de acordo com a produção e estágio de lactação. São feitas duas ordenhas diárias, das 5 às 10h e de 15 às 18 h, durante as quais é fornecida suplementação de concentrado. Atualmente, o consumo de concentrado, pelas vacas em lactação, varia de 4 a 8 kg por dia, de acordo com a produção de leite e o estágio de lactação. Para isso, são feitas análise periódicas do pasto, seguidas de ajustes na quantidade e formulação do concentrado, quando necessário. Três funcionários são responsáveis pela rotina de ordenha.

O Pasto..

A pastagem recebe atenção especial, pois é a base de todo o sistema. Toda a área do pivô é formada em Tanzânia, e dividida em piquetes, no formato de pizza. Em dois dos piquetes, o Tanzânia foi substituído por Tifton, para testes. Anualmente, são feitas análises de solo e, com base nas mesmas, é definido um programa completo de adubação para todo o ano.

Uma vez por ano são feitas as correções necessárias, e a cada saída das vacas é feita a adubação com nitrogênio. É feito um acompanhamento diário da produção de capim, ponto de entrada e de saída dos animais. Esse acompanhamento, combinado à análise das condições meteorológicas, permite adequações no programa de adubação, para se atingir as produções necessárias ao rebanho, em cada mês do ano.

Outro ponto crítico deste tipo de sistema é fazer com que as vacas pastejem durante o dia, quando o sol é forte e as temperaturas atingem níveis estressantes. Para amenizar esse problema, foi instalado um sistema de aspersão de água, em forma de névoa, sob o pivô, que fica estacionado sobre o piquete onde as vacas do lote de maior produção se encontram.

Esse sistema permitiu, em 2016, a produção de 1.490.286 litros de leite, com uma média diária de 4.083 litros e de 15 litros por vaca/dia. As lactações fechadas em 2016 atingiram, em média, 4.829 litros em 305 dias. Esses números vêm apresentando melhoras. Atualmente, a produção média diária está em, aproximadamente, 4.700 litros, com uma média de 16,4 litros/vaca/dia.

O Diretor Administrativo Fidel de Campos Reis mostra o padrão das lavouras de milho, que produzem a silagem usada na criação das bezerras até os 8 meses de idade e também para suplementar as vacas em lactação quando o pasto é insuficiente.

“Piquetes de alta produção exigem precisão no manejo, em especial no ponto de corte, e para isso é necessário a tomada de decisão em tempo real e a execução de todas as tarefas, sem falhas”, conta Fidel de Campos Reis.

Reprodução...

O manejo reprodutivo é um dos principais pontos de atenção no dia a dia da fazenda. Existe uma estratégia bem definida, e o médico veterinário faz acompanhamento periódico de todos os animais em aberto. É feita a detecção visual de cio natural, com auxílio de rufiões, e também são utilizados protocolos reprodutivos. Os resultados têm sido satisfatórios, com uma taxa de serviço média de 42%, e taxa de concepção de 40%, em 2016. O intervalo entre partos atual é de 14 meses.

Custos...

O sucesso do projeto pode ser aferido, olhando-se os resultados econômicos alcançados em 2016. Naquele ano, em relação à renda bruta da atividade, os principais custos foram:

"A lucratividade operacional, que sintetiza todos os dados econômicos e representa o resultado efetivo da atividade como um todo, está em 18,55%", conta Fidel de campos Reis.

Todos estes gastos levaram em conta a atividade como um todo, não somente os animais em lactação.

A venda de leite representou 87,31% do faturamento total. A taxa de remuneração do capital, foi de 8,65% e de 12,07%, considerando ou desconsiderando o capital investido na terra, respectivamente. A lucratividade operacional, que sintetiza todos os dados acima e representa o resultado efetivo da atividade como um todo, está em 18,55%.

Uma informação complementar, reforçada por Fidel, é que dos 18 pivôs centrais, hoje em atividade na propriedade, o que mais dá lucro por área irrigada é aquele onde é cultivada a pastagem, e que suporta o projeto de leite. Sem dúvida, esses resultados refletem o profissionalismo e a dedicação com que todos os envolvidos conduzem a atividade leiteira na CRP agropecuária.

Futuro...

Sobre o futuro, Fidel se diz otimista, e apresentou um planejamento para expansão da produção leiteira para 20.000 litros por dia. Para isso, já existe um projeto, no qual será instalado um segundo pivô com pastagem, ao lado do já existente, além da implantação de uma área de irrigação em malha fixa. Uma nova infraestrutura de ordenha e manejo para as vacas em lactação será construída no meio destes três módulos de irrigação, para que os animais das três áreas possam acessar a sala de ordenha com o menor deslocamento possível. Dessa forma, será viável a manutenção de um rebanho com 1300 vacas em lactação e, mesmo sem aumentar a média de leite por vaca/dia, será alcançada a produção total esperada. A previsão de início desta expansão é o ano de 2019, com uma expectativa de que, já em 2020, a meta de produção seja atingida.

A CRP Agropecuára utiliza o Sistema de Gestão IDEAGRI.Clique aquie saiba mais sobre o software.

Leia a reportagem na íntegra, na versão digital da revista, disponível para assinantes.

Fonte: Revista Leite Integral, abril 2017.


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