Projeto para melhorar o desempenho de produtores reúne a expertise de parceiros com o Rehagro, e já registra resultados promissores - O Rehagro é um dos parceiros do Laticínios Scala no projeto “Scala + Leite”, viabilizado pelo Programa Mais Leite Saudável, do Governo Federal. Desde maio de 2016, cinco médicos veterinários, dois do Rehagro e três da Assessoria de Projetos de Pecuária de Leite e Corte – Applic, auxiliam produtores rurais no Estado de Minas Gerais, com o objetivo de melhorar a qualidade do leite, a produtividade e a eficiência reprodutiva das fazendas assistidas. Os vários indicadores levantados no diagnóstico realizado pela equipe do projeto sinalizaram a necessidade de suporte técnico das 60 propriedades escolhidas para participar do “Scala + Leite”, que também conta com a parceria das empresas Applic, Alta Genetics e IDEAGRI.

Nos três meses anteriores ao início do projeto, de acordo com Matheus Moreira, médico veterinário do Rehagro e coordenador da equipe de assistência técnica, observou-se que, na média, a contagem bacteriana total (CBT) estava em 184.000 UFC/ml, e a contagem de células somáticas (CCS), em 686.000/ml. Estes indicadores impactam na redução do preço do leite recebido (devido à mastite subclínica), descarte involuntário e morte dos animais. A pesquisa mostrou também, nesse período, que a média produzida nas fazendas era de 609 litros/dia. Diante dos problemas, definiu-se como meta aumentar em 7% a produção diária das fazendas, baixar a CCF em 15%, e a CBT, em 20%, no prazo de vigência do projeto, que tem duração de três anos.

CONTROLE LEITEIRO E ANOTAÇÕES – Gustavo Rafael, médico veterinário e técnico do Rehagro, atende a onze fazendas do projeto e conta que a maioria dos produtores não tinha o costume de pesar o leite e que poucos faziam anotações de parto, inseminações, secagem de vacas, mastite, morte de animais e produção total de leite. “Principalmente no início, focamos muito em anotações. Os produtores não tinham os indicadores das fazendas, e este é o primeiro passo para direcionarmos nossas ações dentro da propriedade. É preciso fazer anotações”, ele assinala.  

Gustavo Rafael: em cada fazenda, um desafio diferente

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As visitas do técnico são realizadas uma vez por mês. Cada propriedade tem um plano de ação, definido em conjunto com o responsável pela fazenda, o qual é checado periodicamente. Entre outras ações, conforme relata Gustavo, a equipe atua na sanidade dos animais, reprodução, divisão de lotes e formulação de dietas adequadas para cada lote de vacas, cria e recria de bezerros e rotina de ordenha, visando, de forma conjunta, aumentar a produção de leite e reduzir CCS e CBT.

Seis fazendas atendidas estão trabalhando a parte de gestão, verificando custos e receitas: “Em cada fazenda observamos desafios e oportunidades diferentes. Em algumas a compra de volumoso é o fator que mais onera o custo de produção, em outras, o arrendamento de terras. Há aquelas em que a baixa média de produção impede que os custos fixos sejam diluídos. Em todas as situações, isso compromete o lucro do produtor”, avalia Gustavo Rafael, explicando que por meio dessas informações buscam-se as soluções juntamente com o produtor para aumentar a lucratividade da atividade. “Percebemos que, em algumas propriedades, os gastos com a compra de silagem são altos e podem ser reduzidos. Por isso, estamos planejando, para o ano de 2019, plantar milho nas fazendas que ainda não produzem silagem”.

BONS RESULTADOS EM POUCO TEMPO – Rafael Ferraz, médico veterinário e também técnico do Rehagro, assiste outras propriedades do projeto “Scala + Leite”. Uma delas é a Barcelos, que em pouco tempo está apresentando resultados promissores: a produção saltou da média de 13-14 litros de leite vaca/dia para 20-21 litros/vaca/dia, com 110 vacas em lactação. Segundo Ferraz, já era uma fazenda bem estruturada, comparada às outras, mas que agora tem conseguido melhorar os resultados: “De início, fizemos alterações simples, como ajustes no fornecimento de comida, alocação de lotes, colocando os animais nos lotes ideais; manejo na dieta e no fornecimento da dieta junto com o manejo reprodutivo. Foram nestes que focamos e conseguimos alcançar bons e rápidos resultados”, completa. 

Rafael Ferraz: ajustes simples deram bons resultado rapidamente

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Para a produtora de leite Kellen Ferreira, da fazenda Bucaina, também atendida por Ferraz, o projeto tem ajudado até mesmo na melhoria da autoestima da família, pois todos estavam muito desanimados com a atividade. “Melhoramos o manejo, a qualidade do leite e hoje produzimos mais com menor custo. A assistência nos auxilia no controle de doenças, no fornecimento da dieta e na gestão financeira”, afirma. Ela conta que antes do projeto gastavam muito com medicamentos, mas agora, atuam preventivamente. “O Rafael Ferraz sempre fala que precisamos nos prevenir contra as doenças para não gastar dinheiro com medicamentos”, reitera.

As fazendas Mimoso e Mangueiras, atendidas por Gustavo Rafael, também alcançaram melhoria significativas. Esta última produziu 17,7 litros/vaca/dia, em novembro de 2017, contra 15,5 litros/vaca/dia, em novembro de 2016; mais de 2 litros de aumento na produção. Outro destaque que o técnico faz é quanto aos problemas de criação das bezerras na Fazenda Flor do Campo, também assistida por ele. “O manejo das bezerras era precário. Elas eram criadas junto com as mães, o que favorecia a transmissão de doenças e dificultava o fornecimento correto da ração e do leite necessário para o desenvolvimento delas. Como consequência, as novilhas chegavam ao primeiro parto muito mais tarde” relata, observando que a orientação foi construir um bezerreiro ‘argentino’ para ajudar a melhorar o manejo. Os resultados vieram rapidamente: redução drásticas de mortes, de problemas de saúde das bezerras e, consequentemente, do custo com medicamentos. Mais bem alimentadas, desenvolvidas e saudáveis, as novilhas estão chegando ao primeiro parto bem mais cedo. 

Novo bezerreiro, com mais conforto, na fazenda Flor do Campo

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A Fazenda Flor do Campo possui 57 vacas em lactação, produz 864 litros de leite por dia e tem média de produção de 15,1 litros/vaca/dia. O próximo passo na fazenda é fazer uma sala de ordenha com fosso e também uma pista de trato. Para Werlem Alves, que auxilia o pai na administração da propriedade, a meta é chegar a uma média de produção ente 23 e 25 litros litros/vaca/dia. “Para isso, estamos selecionando os melhores animais e criando bem as bezerras. Pelo o que eu já aprendi, vejo que não é difícil alcançar este objetivo”.

Vacas de leite de alta produção, na Fazenda Flor do Campo

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O produtor relata que desde o início do projeto tiveram um aumento aproximado de 3 a 4 litros na produção de leite/vaca/dia e uma evolução positiva no DEL. “Após um ano do início da assistência o DEL, que era de 210 dias, passou para cerca de 180 dias. A meta é alcançar 150 dias; não é fácil, mas creio que no período de mais um ano conseguiremos chegar próximo disso, alcançando cerca de 160 dias”, acrescenta. 

FOCO NA GESTÃO TRAZ MELHORIAS – O médico veterinário Leonardo Guimarães, consultor técnico da Applic, atende a 14 fazendas distribuídas entre as cidades mineiras de Sacramento, Tapira, Cruzeiro da Fortaleza e Uberaba. Para ele, no início do projeto, um dos maiores problemas constatados era a falta de gerenciamento: “Os funcionários eram mal supervisionados e faltava foco no produtor na atividade. Com isso, perdíamos a garantia da realização dos processos indicados”, comenta.

Várias propriedades impulsionaram os negócios, índices produtivos e reprodutivos, e estão colhendo os frutos do projeto. Em relação às dificuldades iniciais citadas, ele destaca os resultados de três propriedades distintas que têm como característica comum o foco em querer transformar a atividade leiteira em um negócio mais rentável, e que implementam os processos indicados pela consultoria: a Fazenda Nova Suécia, em Tapira, de produção familiar. O filho dos proprietários administra os negócios e esta sucessão se torna importante já que motiva a família a investir e acreditar no crescimento da fazenda. No início do projeto, estavam com média de 80 vacas e produziam 730 litros de leite por dia. Agora, diminuíram o número de animais, estão com 72 vacas, e produzem maior volume de leite 1.088 litros de leite por dia. Estão com média de 15 litros/vaca/dia.

Outro avanço que Guimarães destaca é na Fazenda Cachoeira, em Sacramento. O proprietário reside em outro estado e vai esporadicamente à fazenda, não tendo a atividade leiteira como principal fonte de renda. Porém, consegue administrar o negócio graças a um gestor que fica na propriedade e garante a realização dos processos. Nos três primeiros meses do projeto, tinha 44 vacas e produzia 712 litros/vaca/dia. Atualmente estão com média de 58 vacas em lactação e produzem 1.200 litros por dia, com a média de 20,5 litros/vaca/dia.

Melhorias na pista de trato, trouxeram mais conforto para as vaca, na Fazenda Cachoeira

 

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Também foram registrados avanços na Fazenda Olhos D’Água, em Sacramento, em pouco tempo de assistência técnica. O produtor conta com um funcionário para ajudá-lo na atividade, e não tem filhos para sucedê-lo. Com muita dedicação, ele se empenha em melhorar a rotina e a produção leiteira para aumentar a renda. Inicialmente, também nos três primeiros meses, produzia 415 litros por dia, com 32 vacas e média de 13 litros/vaca/dia. Hoje, tem 54 vacas em lactação produzindo 945 litros e média de 17,5 litros/vaca/dia.

Fazenda Olhos D'Água, mais 4,5 litros de leite por vaca/dia. em pouco tempo

 

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Para Ricardo Rodrigues, gerente da Política Leiteira do Laticínio Scala, “a expectativa no início do projeto era grande, não só por ser uma iniciativa fiscalizada e auditada pelos órgãos do governo (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA), mas também porque o laticínio acredita muito na capacidade de evolução do negócio das fazendas assistidas por um bom projeto de assistência técnica”. Ricardo acompanhou as auditorias do MAPA em visita às propriedades e diz que a satisfação dos produtores chama atenção: “estamos vendo um poder muito grande de transformação na vida das pessoas, que estão evoluindo, aumentando a produção e a lucratividade. O objetivo do projeto é exatamente ajudar o produtor a fazer o básico de forma mais profissional”.

Rodrigues: acreditamos na evolução das fazendas, assistidas pelo Programa

 

 

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Responsável por coordenar o trabalho da assistência técnica, Matheus Moreira acredita que o projeto ajuda os produtores a conhecer melhor os números de suas propriedades e, aprimorando a gestão, aumentar a renda: “O grande problema destes produtores é a gestão e a falta de assistência, ferramentas que agora estão ao alcance deles. Eles dispõem de terra boa, animais de qualidade, sabem produzir alimento, mas não fazem a gestão eficiente das propriedades e isso acaba limitando os índices de produtividades. Nosso papel é fazer os produtores ganharem mais para terem boa rentabilidade”, afirma.