Novas ferramentas ajudam a amenizar os riscos de perdas de safra e reduzem os custos no manejo da lavoura. Todos os dias, o empresário rural mineiro Mauricio Silveira Coelho, do grupo Cabo Verde, monitora as condições de temperatura, umidade, chuva, pressão e evapotranspiração nas lavouras, confere as previsões climáticas para os próximos 11 dias e recebe orientações das áreas que devem ser irrigadas na Fazenda Santa Luzia, em Passos (MG). Esse trabalho foi facilitado, a partir de 2017, pela instalação de estações meteorológicas em todas as propriedades do grupo, um dos maiores produtores de leite do país, além de soja, milho, café, suínos e gado de corte.

Como Maurício, muitos produtores rurais descobriram dos últimos anos como “traduzir” o clima de forma a melhorar a produtividade de seu negócio. Patrícia Dihel Madeira, meteorologista e diretora de produtos e conteúdo da Climatempo, afirma que não existe planejamento ou gestão do agronegócio sem dados meteorológicos. Para ela, a ciência que estuda os fenômenos atmosféricos que influenciam nas condições climáticas evoluiu muito desde que os primeiros modelos numéricos possibilitaram elaborar a previsão do tempo.

 

   
Mauricio Silveira Coelho, do Grupo Cabo Verde, de Passos (MG) (Foto: Ricardo Benechio/Ed. Globo) 

 

“Na década de 1950, você só tinha o resultado do que ia ocorrer depois que acontecia, porque os cálculos demoravam muito. Agora, com mais tecnologia e rapidez na resolução das equações, dá para saber o que vai acontecer em minutos, amanhã, em uma semana ou em 15 dias, com bastante precisão.”

A resolução espacial também avançou bastante. Hoje, o monitoramento padrão dos serviços públicos é de 40 km². Empresas privadas observam áreas de 9 km², mas já há modelos capazes de rodar previsões localizados para áreas de 1 km². O que falta são supercomputadores para o cálculo matemático.

Além das previsões mais imediatas, há serviços de tendências sobre a possibilidade de chuva e variações de temperatura com antecedência de seis meses ou um ano. A acurácia da previsão depende de quanto se quer antecipar, da região, da localização da fazenda e da resolução espacial requerida. Um radar uma estação meteorológica instalada na propriedade rural eleva muito essa precisão.

O diretor do Inmet (Instituto Nacional de meteorologia), Francisco de Assis Diniz, disse que o órgão deu muita ênfase ao atendimento a agricultores nos últimos anos, acompanhando o crescimento do agronegócio. São medidos temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento, pressão atmosférica, precipitação, entre outras variáveis.

CREDIBILIDADE

Além das informações dos satélites, o país tem 565 estações meteorológicas públicas automáticas de superfície, com transmissão de dados on-line, e outras 230 convencionais, que dependem da coleta de dados três vezes ao dia por um observador, além de oito estações de sondagem de ar superior, as rádiossondas.

O plano de Francisco é instalar neste ano mais 20 ou 30 estações já adquiridas da Finlândia, por cerca de US$30 mil cada uma.

A compra de outras 100 unidades já foi requerida ao governo pelo instituto ligado ao Ministério da Agricultura. A instalação, por questões de segurança, é feita em áreas de universidades, do Exército, cooperativas ou institutos federais. “Já tivemos quatro ou vandalizadas nos últimos anos.”

Apesar da credibilidade que a meteorologia alcançou do campo, Francisco Diniz concorda com os colegas que a malha de estações ainda é pequena na comparação com outros países desenvolvidos. Atrapalham também o fato de muitos produtores se recusarem a abrir os dados medidos das estações em suas propriedades e a falta de conectividade em parte da zona rural para transmissão on-line.

Um consenso entre os especialistas é que a rede de dados de meteorologia do país precisa ser ampliada e todos os dados devem ser compartilhados, incluindo os privados, para uma maior precisão das previsões.

Patrícia de Diehl afirma que, embora não seja ainda maioria, cada vez mais produtores estão buscando serviços de empresas privadas para agregar os dados públicos visando melhorar as previsões climáticas focadas em sua propriedade.

A Climatempo, que oferece serviços gratuitos de previsão meteorológica há mais de 20 anos, lançou, em 2017, a AgroClimaPro, que fornece previsões geolocalizadas no celular ou na web. São previsões feitas para fazenda, com análise dos dados, visando facilitar a tomada de decisões. Hoje, são atendidas 1.100 propriedades.

SERVIÇOS

Há também opções públicas de monitoramento para o agronegócio. O Inmet, por exemplo, desenvolveu o Sisdagro (Sistema de Suporte à Decisão na Agropecuária), com ferramentas para o monitoramento das condições agrometeorológicas até a data da consulta e previsões para os próximos cinco dias.

A Embrapa lançou o AgriTempo, sistema de monitoramento climatológico e meteorológico que produz e permitir o acesso, via internet, a boletins e mapas com informações sobre estiagem agrícola, precipitação, acumulada, tratamentos fitossanitários, necessidade de irrigação, condições de manejo do solo e de aplicações defensivos agrícolas.

 

 

A FAZENDA SANTA LUZIA É PARCEIRA E  USUÁRIA DO IDEAGRI. CONFIRA O DEPOIMENTO DE MAURÍCIO SILVEIRA COELHO, PROPRIETÁRIO DA FAZENDA, SOBRE A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE GESTÃO NO SUCESSO DA FAZENDA:

 

 
 

"Sem dúvida alguma, o IDEAGRI tornou-se o melhor programa gerencial de bovinos disponível no mercado brasileiro, e conta com o diferencial de ter uma equipe sempre aberta a sugestões para aprimoramento do programa. O uso do sistema, como ferramenta de trabalho na Santa Luzia, tem sido revolucionário, pois, além de termos os dados com muito mais rapidez e segurança, passamos a levantar índices que, no passado, não tínhamos. Agora, ficou muito mais fácil saber onde estamos e programar aonde queremos chegar. O IDEAGRI é, para nós, hoje, muito mais que um programa zootécnico, É UMA FERRAMENTA DE GESTÃO!"