Com índices exemplares e crescimento invejável, Fazenda Cobiça é reconhecida como a melhor propriedade leiteira do país em qualidade e eficiência produtiva.

A história da Fazenda Cobiça começa em 1970 com José Henrique Pereira e Ana Maria Branquinho Pereira. A propriedade está localizada no Sul de Minas Gerais, na cidade de Três Corações. Nos primeiros anos de funcionamento, suas terras viram crescer inúmeros pés de café, seguindo a tradição da região. Só que essa realidade, começou a mudar em 1993 com a entrada de Marcelo Branquinho Pereira, primeiro filho do casal, na gestão da Fazenda.

O primogênito, então, se formou em medicina veterinária e resolveu voltar para o aconchego de casa. A paixão dele e do irmão, Marcílio Branquinho Pereira, sempre foi a bovinocultura de leite. No começo, o rebanho leiteiro da Fazenda Cobiça tinha apenas 55 vacas, com produção média de 600 litros de leite/dia em sistema a pasto e com uma ordenha tipo espinha de peixe.

Em 1995, Marcílio se formou em agronomia e assumiu a gestão da propriedade com o irmão. Nessa época a produção já alcançava 1.000 litros/dia, com 80 vacas em lactação. Dois anos depois veio um novo incremento na produção e os irmãos Branquinho produziam, por dia, 1.800 litros de leite.

Com o sucesso do negócio, Marcelo e Marcílio resolveram vender 1/3 da propriedade para garantir os recursos necessários a um maior investimento na intensificação da produção. O resultado foi um grande salto na produção de leite, chegando, em 2007, a 8.700 litros/dia. Os irmãos decidem, então, mudar o sistema de produção de pasto para o semiconfinamento. Três anos mais tarde eles viram a necessidade de confinar as vacas, foi quando montaram o primeiro barracão de free stall com capacidade para alojar 326 vacas.

A trajetória da Fazenda Cobiça é marcada pelos constantes saltos na produção de leite, o que sempre impôs a necessidade de investimentos. Então, em 2014 foi inaugurado o segundo barracão de free stall, ampliando a capacidade de alojamento da propriedade para 652 vacas. A produção de leite já ultrapassava os 14.000 litros/dia. No ano de 2016 foi inaugurada a ordenha tipo lado a lado, com 48 postos, que é utilizada até hoje. Nesse período a fazenda já contava com 610 vacas em lactação, produzindo 16.800 litros de leite/dia.

Os investimentos na propriedade permitiram, em 2017, inaugurar o terceiro barracão de free stall, com capacidade para alojar 978 vacas. Hoje, a Fazenda Cobiça é um modelo de sucesso a ser seguido na atividade leiteira, com 950 vacas em lactação, índices zootécnicos admiráveis e uma produção de 31.000 litros/dia. Nos seus 25 anos de história no leite, teve um crescimento médio da produção de 21,7% ao ano, um índice invejável que deve servir de exemplo para outros produtores que buscam evoluir na atividade.

A sucessão da atividade leiteira na Fazenda gera grande expectativa nos irmãos Branquinho. Marcelo e Marcílio esperam perpetuar o negócio da família com a entrada dos filhos na administração da Cobiça, assim como fizeram, no passado, quando assumiram a propriedade.

A FAZENDA

A Fazenda Cobiça conta com 367 hectares (ha) para produção de leite, desses, 170 ha são arrendados. Nessas áreas estão distribuídas as lavouras de milho, pastagem, plantação de aveia e as silagens, além das instalações utilizadas pela atividade leiteira.

Atualmente, o rebanho é formado por 2.028 animais da raça Holandês, divididos nas seguintes categorias: 120 bezerras em aleitamento, 444 bezerras na recria, 393 novilhas em reprodução, 117 vacas secas e 954 vacas em lactação. A produção média por vaca/dia supera 34 litros em três ordenhas. A média anual da Fazenda Cobiça foi cerca de 10,5 milhões de litros de leite.

A propriedade conta com 26 funcionários. “Nossos colaboradores são muito dedicados e fundamentais para o sucesso da propriedade. Sem eles nada aconteceria da forma que foi”, afirma Cássia Valéria Ribeiro, esposa de Marcelo.

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  Guilherme e Soraya 

Soraya e Guilherme prestam consultoria à Cobiça desde janeiro de 2014, quando implantaram o software Ideagri para a gestão da propriedade. “Os dados zootécnicos e de gestão são imputados integralmente, o que permite análises muito seguras”, diz Soraya. Segundo ela, na Cobiça, as informações trabalhadas pelo software servem de base para diversas hipóteses que são debatidas entre os proprietários, os dois consultores gerenciais e os consultores de reprodução (Leonardo Ferreira Gonzaga) e qualidade do leite (Ana Paula Ferri Melotto). “Definimos quais caminhos seguir e continuamos medindo resultados”, diz Soraya. “Avaliamos desvios e instituímos protocolos corretivos, seguindo-os à risca”, completa Guilherme.

 

Na foto á esquerda, Guilherme Barbosa e Soraya Veiga, em foto tirada durante o Curso Novos Enfoques, realizado em Uberlândia, MG, ocasião do lançamento do IILB - Índice Ideagri do Leite Brasileiro.

    

 

MANEJO ALIMENTAR

A alimentação das vacas em lactação é composta por silagem de milho, silagem de aveia, caroço de algodão, polpa cítrica, farelo de soja, silagem de grão úmido e núcleo mineral. Esses animais são divididos em seis lotes: primíparas, pós-parto, secundíparas, multíparas, vacas no final da lactação e hospital. A fazenda trabalha dois tipos de dietas, sendo a primeira com inserção de 65% de volumoso que atende as vacas no fim da lactação e do hospital, e a segunda para todos os outros quatro lotes, composta por 56% de volumoso. A porcentagem de volumoso na dieta, a produtividade das vacas e a quantidade de leite produzido/kg de MS, podem ser conferidos no gráfico abaixo.

“A produção de volumoso, em quantidade e qualidade adequadas, nos permite diminuir o custo com a alimentação, um dos maiores gargalos na produção de leite”, afirma Marcílio. A cada um litro de leite produzido são gastos R$ 1,05 e, desse valor, R$ 0,59 são provenientes da alimentação dos animais - concentrado, núcleo e silagem.

A dieta das vacas é monitorada pelo técnico representante de uma empresa parceira, responsável pela nutrição. Semanalmente, ele faz o acompanhamento nutricional da propriedade, a análise de matéria seca da silagem, avalia seleção de alimentos por parte dos animais utilizando a peneira penn state nas sobras de cocho, além de aferir o pH de urina das vacas. 

CONVERSÃO DO VOLUMOSO NA PRODUÇÃO DE LEITE

Qualidade da silagem produzida na Fazenda Cobiça contribui para a diminuição dos custos alimentares

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PRÉ-PARTO

As vacas são secas entre 53 e 60 dias antes do parto. O manejo de secagem é feito semanalmente e o cuidado com esses animais é grande. “Estamos secando vacas que estão produzindo mais de 30 litros de leite/dia, por isso nossa atenção é redobrada logo após esse manejo”, afirma Marcelo.

Após a secagem as vacas permanecem a pasto durante 20 dias. Cerca de 40 dias antes do parto são levadas novamente para o free stall. Um dos planos dos administradores da propriedade é construir mais um barracão, no início do ano de 2020, para alojar as vacas secas.

A dieta das vacas secas e do pré-parto é composta pelos mesmos alimentos da dieta das vacas no final de lactação, com alta inserção de volumoso. Quando esses animais são levados ao free stall, antes do parto, recebem dieta aniônica.

PARTO E PÓS-PARTO

As vacas na maternidade são monitoradas o tempo todo. Assim que entram em trabalho de parto são levadas para uma baia de parição com cama de palha. Assim que nasce, a bezerra é levada para o bezerreiro e recebe de quatro a cinco litros de colostro.

O colostro de todas as vacas é analisado com o uso de um refratômetro. Aqueles com teores acima de 27% de brix são congelados e destinados ao banco de colostro. “Colostros com teor de brix maior do que 27% possuem 90% de eficiência, por isso decidimos utilizar colostro em pó para enriquecer os que estão abaixo desse parâmetro quando descongelados”, afirma Marcelo. Todas as bezerras recebem o alimento diretamente do banco de colostro que a Fazenda possui. Além disso, a partir de 24 horas até seis dias após o nascimento, é feita a medida de proteína sérica das bezerras para verificar a eficiência da colostragem.

CRIAÇÃO DE BEZERRAS

O bezerreiro da propriedade é composto por casinhas suspensas e as bezerras chegam a receber até 10 litros de leite/dia – o fornecimento aumenta gradualmente - divididos em duas mamadas. Para as bezerras mais novas é fornecido ‘leite bom’ e para as mais velhas é dado leite de descarte. Elas recebem concentrado peletizado comercial e água à vontade. Marcelo Branquinho destaca os cuidados com as fêmeas durante essa etapa. “Garantimos a máxima higiene e o máximo de ganho de peso nessa fase. Hoje, nossas bezerras estão ganhando um quilo/dia”.

Com 48 dias de vida, é iniciado o processo de desmama. Durante uma semana os animais recebem 5 litros de leite, uma vez ao dia. Depois, durante três dias, o leite vai sendo diluído com água, na seguinte proporção: no primeiro fornecimento é oferecida uma mistura de 1 litro de água para cada 2 litros de leite. Na alimentação seguinte o produtor aumenta a quantidade de água. Ele fornece 1 litro de água para cada litro de leite. “Adotamos esse manejo com o objetivo de diminuir o estresse causado pela desmama”, ressalta Marcelo.

Aos 55 dias de vida e pesando 100 quilos, as bezerras são desmamadas e permanecem no bezerreiro por mais uma semana, sendo levadas, em seguida, para um ambiente com cama de areia. Cada lote é composto por oito bezerras e depois de cinco semanas os lotes ficam maiores, com grupos de 25 animais. Todos os lotes recebem a dieta total no cocho, que é composta por silagem e concentrado.

Os principais problemas sanitários encontrados nesse período são a diarreia e a pneumonia, mas são enfermidades controladas na propriedade.

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Casinhas suspensas onde as bezerras permanecem por cerca de 60 dias

NOVILHAS

O sistema de criação das novilhas é feito em piquetes, onde recebem uma dieta total composta por silagem e concentrado. Aos oito meses de idade são formados lotes de 70 animais e aos 10 meses os grupos passam a ser compostos por 110 fêmeas. O manejo reprodutivo das novilhas inicia quando elas estão próximas dos 13 meses de idade e pesam 360 quilos. Durante o período reprodutivo elas são submetidas a aplicação de prostaglandina e aquelas que apresentam cio são inseminadas. Duas doses de sêmen sexado são utilizadas em cada novilha e havendo necessidade de nova inseminação, utiliza-se sêmen convencional.

Com um manejo bem alinhado, os índices reprodutivos da propriedade são exemplares. A idade ao primeiro parto é de 22,9 meses e a taxa de serviço está em 85,31%.

REPRODUÇÃO

Nas vacas, a reprodução é feita 100% com o uso de IATF na primeira inseminação. Após o protocolo reprodutivo, os animais são marcados com bastões de identificação para observação de repetição de cio. É utilizada uma dose de sêmen sexado em vacas que tem bons índices reprodutivos - cerca de 40 a 60% dos animais. Caso haja necessidade de outra inseminação, após esse manejo, utiliza-se sêmen convencional.

O programa de acasalamento da propriedade visa o melhoramento de saúde e produção, sendo dividido na proporção de 50% para cada. A taxa de concepção das vacas é de 49%. Já a taxa de serviço é de 76% e o número de partos por vacas em lactação é de 1,2. O descarte voluntário e involuntário de vacas é de 16% e as principais causas são problemas reprodutivos e mastite. “Como alcançamos índices reprodutivos muito bons, nossa exigência nesse parâmetro é mais alta, assim continuamos descartando vacas que estão fora dos padrões reprodutivos estabelecidos pela Fazenda”, relata Marcelo.

 

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A propriedade possui 3 barracões de free stall com capacidade de alojamento para 978 vacas

DESTAQUE

Pelo desempenho apresentado em eficiência e qualidade produtiva, a Fazenda Cobiça alcançou a premiação máxima do primeiro levantamento do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB), lançado em março. Foram avaliados 12 parâmetros produtivos, reprodutivos e sanitários, conforme a tabela abaixo, com limites personalizados por perfis de rebanho.

PARÂMETROS IILB

O índice representa a média de um levantamento em cerca de 600 das mais produtivas fazendas de leite do país. Os números da Fazenda Cobiça impressionam

QUALIDADE DO LEITE

O leite produzido na Fazenda Cobiça possui qualidade indiscutível e por isso recebe bonificação pelo produto entregue. A propriedade conta com média anual de CCS de 98 mil células/mL, CBT média de 7 mil UFC/mL, teor médio de gordura de 3,69% e proteína de 3,20%.

Com a preocupação em obter um produto de qualidade superior, é feita cultura do leite na Fazenda, de todas as vacas no pós-parto e antes do tratamento de mastite, para determinar se trata ou não o animal. Se ocorrer algum crescimento nessas culturas, o microrganismo é semeado em placa AccuMast para verificar qual bactéria é a responsável por esse crescimento. Com a adoção da técnica foi possível reduzir 40% dos tratamentos para mastite.

A propriedade é livre de Staphylococcus aureus, o que justifica o rígido controle e monitoramento da qualidade do leite.

Ordenha tipo lado a lado com 48 postos

BEM-ESTAR ANIMAL E CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE

Os administradores da Fazenda Cobiça se preocupam em manter a produtividade, levando em conta a sustentabilidade e a qualidade do produto. Prezam pelo bem-estar dos animais, mantendo a higiene das instalações, oferecendo comida de excelente qualidade e em quantidade adequada, além da preocupação com o estresse calórico. -

As vacas são resfriadas na linha de cocho do free stall. O sistema de aspersão é ligado automaticamente quando a temperatura ambiente atinge os 20°C, em ciclos de 15 minutos (1,4 min. ligado e 13,6 min. desligado). Acima de 25°C os ciclos da aspersão diminuem para cinco minutos (1,4 min. ligado e 3,6 min. desligado). Os ventiladores da instalação são acionados quando a temperatura ambiente atinge 19°C. Além disso, na sala de espera, a ventilação funciona durante todo o período de permanência das vacas no ambiente e a aspersão é feita em ciclos de cinco minutos.

Em relação ao manejo de dejetos, o primeiro passo é a separação da areia, que é 90% reutilizada nas camas. Na sequência, ocorre a separação dos sólidos e a água retorna para lavar os barracões de free stall. Assim, a propriedade economiza água e consegue ter uma higienização adequada nas instalações das vacas.

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GESTÃO E METAS

O controle de custos da Fazenda é realizado por meio de um software, no qual todos os dados zootécnicos e financeiros são lançados. O custo de produção de um litro de leite, no ano passado, foi de R$ 1,16 e o preço recebido pelo produto R$ 1,55. O volume de produção/mão-de-obra é de 1.226 litros de leite/hora. A gestão é feita com muita seriedade. Todos os números da propriedade estão nas mãos, o que faz com que tenham uma boa margem lucro.

A principal meta de curto prazo da propriedade é ter 1.300 vacas em lactação e produzir 50.000 litros de leite/dia até 2022.

A Fazenda Cobiça é um exemplo a ser seguido por quem busca evoluir na pecuária leiteira. A maior lição que fica, após conhecê-la, é a de que ao se fazer o ‘arroz com feijão’ de cada dia é possível alcançar bons resultados e se destacar entre as melhores propriedades do Brasil. 

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Empenho e dedicação da família Branquinho refletem nos resultados produtivos da Fazenda Cobiça

 

 

Fonte: Revista Leite Integral - abril/2019

 

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