Propriedade mineira muda seu sistema de produção, trocando o semiconfinamento pelo compost barn, melhorando a sua produção, reprodução e receita. Conheça a Fazenda JB, que é cliente e parceira IDEAGRI há mais de 6 anos e teve seu novo projeto apresentado na Revista Balde Branco. Uma visita virtual imperdível!

FAZENDA JB

Há anos tentando incrementar a produção leiteira, os donos da Fazenda JB se frustravam ao se darem conta de que o que ganhavam na seca perdiam nas águas. A principal causa estava na condição de conforto, ou melhor, na falta dela, já que o excesso de barro, decorrente das chuvas, promovia problemas no manejo do rebanho, na reprodução e na própria produção, comprometendo a qualidade do leite ordenhado.

Essa era a sina da propriedade localizada na cidade de São Gonçalo do Sapucaí (MG) que, apesar do aparente potencial em termos de área e rebanho, não apresentava o resultado positivo esperado. Diante disso, não restava outra saída além de mudar a ordem que ditava a exploração da atividade. Foi o que ocorreu nove meses atrás, segundo Michel Carin Penido Oliveira, administrador da fazenda.

“Com um novo plano de ações, visando metas de crescimento e fortalecimento do negócio, os ventos mudaram por aqui”, cita ele. Conta que seu avô e seu pai sempre atuaram de acordo com a cartilha tradicional das fazendas mineiras, ou seja, produzindo leite e café, este em média de 3 mil sacas por safra. Também, em menor escala, cultivavam feijão, batata e milho, que ainda hoje compõem o negócio.

A partir de 2006, acreditando no negócio leite, tiveram como meta aumentar a produção e a produtividade, já que contavam com vacas da raça Holandesa. “Além de um plantel de boa genética, o trato era bom, mas percebíamos que tínhamos um entrave muito sério no manejo: faltava bem-estar para os animais, sobretudo no período das chuvas”, relata, explicando que esse problema se agravava à medida que aumentava o rebanho. “Disponibilizar sombreamento natural com árvores e manutenção de corredores não resolvia”, completa.

Mais eficiência com projeto de compost barn

Nesse cenário, a produção de leite sofria uma quebra de 40% ou mais no verão. “Chegamos a ter metade das vacas em lactação acometidas com mastite e problemas de casco, elevando os custos por causa dos tratamentos e medicamentos”, lembra Oliveira. A Fazenda JB continuou nessa situação por alguns anos, pois a ordem era não investir num sistema de confinamento, dadas as incertezas comuns do mercado de leite. E assim, mantinham as perdas e adiavam o sonho de crescer.

NÚMEROS QUE PODIAM SER MELHORES

Em 2013, a atividade apresentava 160 vacas em lactação, de um total de 320. A produção diária era de 4.200 litros/dia, com média de 22 a 24 litros por vaca/dia. “Com esses indicadores tínhamos um retorno nulo ou, algumas vezes, até fechávamos no prejuízo”, relata Oliveira, acrescentando que poderia obter números melhores se apostasse no negócio e enfrentasse diretamente o desafio de superar a falta de conforto dos animais.

Ele sabia que depois de superados tais problemas, a atividade poderia ser muito mais rentável, a exemplo das fazendas bem-sucedidas que conhecia. “Se mantivéssemos os ganhos auferidos no período da seca, seria um bom negócio. Era o que apontavam os controles de dados, as planilhas da fazenda”, diz, explicando que os caminhos de uma gestão eficiente contavam com a orientação dos técnicos do Educampo e das avaliações com base nos relatórios gerados pelo Programa Ideagri.

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Novilhas do rebanho em formação: projeção de 350 vacas em lactação até o fim de 2017

Há quase três anos, Oliveira conta que chegaram a uma situação limite: não era viável continuar no sistema de semiconfinamento, em que os animais ficavam soltos no pasto e recebiam ração total no cocho. “O processo de ordenha era problemático e trabalhoso, pois as vacas ficavam com os tetos e úbere muitos sujos, exigindo redobrados cuidados na limpeza e higiene. Boa parte das vacas estava claudicando, e outras, com mastite...”, conta.

A qualidade do leite estava comprometida, com a contagem de células somáticas sempre acima de 700 mil/ml e a contagem bacteriana em torno de 70 mil, por mais que se tomassem cuidados na ordenha. “Ante essa situação, que nos frustrava muito, chegamos a um ponto em que era preciso decidir entre parar ou investir em outro tipo de sistema de produção”, admite. A decisão foi continuar e reformar as instalações, voltando-se para o sistema de confinamento, a exemplo do que faziam diversas fazendas leiteiras de São Paulo e do Paraná, que visitara.

Depois de muitas avaliações e comparações, optou pelo sistema de compost barn. “Primeiro, porque constatei ser o que mais conforto oferece às vacas; segundo, pelo custo bem menor, cerca de R$ 2 mil por vaca, do que o do sistema free-stall convencional; terceiro, pelo manejo dos dejetos, que é bem mais fácil, pois não é preciso todo o trabalho de um sistema em que se utiliza cama de areia”, justifica.

RESPOSTA EM LEITE E CRIAS

O novo modelo de exploração, segundo Oliveira, exigiu um investimento de R$ 2,2 milhões em instalações, como barracão de confinamento com 4.200 m2, com ventiladores e capacidade para abrigar 280 vacas; reforma da sala de ordenha e de espera, nova ordenhadeira, vagão misturador... A expectativa é de que tudo se pague em três anos. O novo sistema começou a funcionar em 1º de dezembro do ano passado.

Na cama do compost barn é utilizada uma mistura de palha de café com serragem de madeira. “De imediato notamos resultados positivos: o conforto ótimo para as vacas, em pleno verão, tetos e úberes limpos, a camada da cama não agride os cascos”, ressalta, observando que o fator que mais exige atenção nesse sistema é o manejo cuidadoso da cama.

Explica que duas vezes ao dia passa o subsolador e sempre que a superfície está mais úmida retira uma cama de uns 15 cm e repõe o substrato, mantendo a cama sempre numa altura de 35 a 45 cm. Na média, retira em torno de 90 m3 de composto e repõe cerca de 60 m3 de palha/serragem. O custo de manutenção é baixo, pois tem mão de obra, caminhão e a palha de café, comprando apenas a serragem ao preço de R$ 40 por m3.

“Em geral, faço essa manutenção uma vez por mês. É uma prática que difere do manejo comumente adotado, em que se vai adicionando periodicamente o substrato ao longo do ano ou por mais tempo, quando então, se retira o composto por completo e se coloca novos substrato”, diz. O composto retirado é colocado para curtir por uma semana e depois é empregado para adubar a lavoura de café. “Apesar de ainda não dispormos de análise do solo e de avaliação, tudo indica que resultará numa boa economia em adubação para a cultura”.

Nos últimos nove meses de funcionamento do novo sistema de produção, a contagem de células somáticas caiu para 230 mil/ml, e a bacteriana, para 5-7 mil/ml, na média. “Os problemas de mastite e de cascos foram drasticamente reduzidos. Hoje, uma ou outra vaca apresenta sinais de claudicação, mas nada sério; e a incidência de mastite é de menos de 2%, aponta. E quanto à produção, eis os números que mais gosta de citar: “Dos 23-25 litros por vaca/dia, total de 4,200 litros, com 160 vacas, passamos para 7.200 litros, com 205 vacas atingindo 35 litros/vaca/dia. A expectativa é chegar a 40 litros antes do final do ano”.

ARRAÇOAMENTO ACOMPANHA PRODUÇÃO

Outro favor que ainda destaca é a melhoria na reprodução. Hoje, a taxa de serviço melhorou em 60% e a de prenhez, em 37%. As vacas entram em serviço aos 45 dias pós-parto, contra os 65 no sistema anterior. Oliveira nota que sempre teve um bom trabalho na cria, com as bezerras mantidas em casinhas individuais e recebendo nutrição adequada ao seu desenvolvimento até o desmame.

Ajustes melhoraram a qualidade do leite

Na fazenda, de 210 ha, são cultivados 110 ha de milho para silagem (antes, eram 70 ha), enquanto no inverno, aveia, adicionada verde na ração total. Para fornecer a dieta adequada ao status de produção das vacas em lactação, elas são separadas em quatro lotes aos quais é fornecida uma dieta composta de silagem de milho, feno de aveia, farejo de soja, fubá, polpa cítrica, caroço de algodão e núcleo mineral. Por exemplo, o lote 1, com 53 vacas, com média de 47 litros de leite, recebe na ração total 15 kg de concentrado.

Hoje, com um rebanho Holandês em formação, com 370 animais, dos quais 170 são novilhas e bezerras, a meta da fazenda é ter 350 vacas em lactação até dezembro de 201, com média de produção de pelo menos 35 litros/vaca/dia, para chegar a uma produção diária de 13 mil litros de leite. Para abrigar todos os animais em produção, está se construindo outro barracão de confinamento ao lado do primeiro, onde serão abrigadas 150 vacas em lactação e também novilhas e vacas no pré-parto.

O produtor observa que para atingir suas metas, vem continuamente melhorando a genética do rebanho visando longa vida produtiva e boa conformação. Para isso, conta com a parceria das centrais de sêmen CRI e Alta Genetics, que o orientam no acasalamento com touros de alta produção e melhoradores de úbere. Na reprodução, usa fertilização in vitro mantendo numa área de pasto 280 receptoras. Assim, consegue produzir uma média de 80 a 100 bezerras por ano para reposição.

Também a partir de 2017 com o rebanho estabilizado, Oliveira pretende iniciar a comercialização de animais de alto padrão genético. Hoje, o custo para produzir um litro de leite está em R$ 1,23 obtendo uma remuneração de R$ 1,65 (em junho), com a expectativa de que nos próximos meses este preço chegue a R$ 1,90, contra um custo de R$ 1,18, pois este vem sendo diluído, já que os gastos com medicamentos e tratamentos foi reduzido drasticamente com o novo projeto.