DISTORÇÃO DA POSTURA

Ainda existem dirigentes de empresas experientes e alguns (jovens) na flor da idade produtiva com mentalidade voltada a gerenciar tarefas com atenção nos pequenos detalhes, na forma de fazer, nas “picuinhas”. Quando ele entra no escritório, é um desespero.

Os funcionários mergulham a cabeça nos papéis, na mesa e nem olham para o lado com medo de serem repreendidos por um detalhe qualquer, já que, habitualmente, esse tipo de gestor está sempre procurando uma forma de exteriorizar seu comportamento. Ele sempre afia as ferramentas. Deixa a espingarda com o gatilho pronto para “disparar” no primeiro que “pisar no tomate”, cometer um erro qualquer na sua frente.

Figura 1

É uma distorção perigosa que pode empurrar os resultados dos negócios ladeira abaixo. Este tipo de gestor não compreende que quanto mais aperta seu pessoal, “pega no pé”, “carca o ferro”, “chama na chincha”, castiga por meio de débito de vales, suspensões, advertências verbais ou escritas, mais a empresa perde seu rumo e desanda. A partir de adaptações no gráfico de R.Krauz, podemos considerar este tipo de gestor na categoria ‘Gestão com Atitudes Impositivas ou Coercitivas’, que é uma postura inadequada aos novos tempos de gestão. O gráfico mostra ALTA ENERGIA DISPENDIDA X BAIXOS RESULTADOS OBTIDOS, destacando que demandar esforço em observar detalhes das etapas de uma tarefa é perda de tempo e distorção do foco.

O ALERTA DO PERIGO

Se tal tipo de gestor estiver sozinho no comando é provável que ponha a própria corda no pescoço e ainda “acabe chutando o banquinho”, porque, dificilmente, vai mudar sua postura distorcida.

É lamentável que, nos dias de hoje em que as informações são veiculadas de forma muita rápida pela TV, internet, revistas e jornais eletrônicos ou impressos, ainda existam dirigentes de empresas que ficam o dia todo correndo atrás da “economia de barbante”, focando detalhes de rotinas e procedimentos, enquanto suas empresas perdem resultados em volumes perigosos e, às vezes, irrecuperáveis.

Figura 2Mas é fato também que tal tipo de gestor, habitualmente, se julga autossuficiente, considerando seu conhecimento ou o fato de ter criado o negócio, como etapas muito bem cumpridas e o sucesso do negócio como mérito todo seu. Assim, também correm dos cursos, palestras, seminários que acontecem na sua cidade, considerando tais momentos como perda de tempo. “Já sei o que irão falar.” Seriam adivinhos? Caberia aqui aquele questionamento: sabia, é? Então, por que não faz? Não usa? Não aplica?

ALTERNATIVAS PARA NOVOS RUMOS

A postura focada em tarefas faz com que lideranças passem o dia correndo em círculos, com um desgaste de energia excessivo e pouco ou nenhum resultado. A quantia de energia perdida no controle das tarefas e suas etapas e fases acaba fazendo falta e o foco do negócio pode ser perdido pela dispersão de forças, das energias das pessoas envolvidas no negócio, além do próprio gestor. Uma alternativa é alguém mais próximo ao gestor, seja da família ou profissional de confiança, tomar uma atitude mais forte, “chutar literalmente o balde”, em confronto direto com o mesmo, forçando uma discussão dos resultados e posturas. Às vezes essa “peitada” tem que ser dada por um membro da família, como uma “ducha de água fria”, uma espécie de “despertador”, para tentar motivar novas posturas nos gestores focados nas tarefas.

A alternativa é ir migrando do foco no detalhe (associado no gráfico com a ‘Gestão Impositiva ou Coercitiva’), para modelos menos traumáticos (como a ‘Gestão Controladora’ que é um estilo em que se dá a tarefa e depois cobra-se o resultado, com menos energia dispendida e o resultado um pouco melhor). Será um primeiro passo para se chegar à ‘Gestão Orientadora’, no qual a equipe é orientada sobre os processos e as tarefas, mas ainda sem abrir espaços para discussões mais participativas, analisando os “palpites individuais” dos colaboradores. Na ‘Gestão Orientadora’, os resultados obtidos estão muito próximo do ideal (ALTOS), sendo um bom caminho para se revisar postura de gestão.

O GESTOR DE RESULTADOS

É recomendável ao gestor, que deseja resultados, concentrar suas energias em criar situações que permitam medir os resultados das tarefas, transformar seus volumes em IDRs (Indicadores de Desempenho e Resultados), vendo as tarefas de cima, na “posição de helicóptero”, como um observador dos diversos setores simultaneamente, mesmo que, às vezes, tenha que direcionar as operações, mas sem interferir nas tarefas, nos seus detalhes, nas suas minúcias.

Seu mergulho nos processos deve ser rápido e prático e com o intuito de colher informações que possam ser medidas e transformadas em IDRs. Definido o IDR, ele deverá concentrar suas energias nos processos de decisão, treinando seus colaboradores adequadamente para eles que busquem os contatos internos necessários ao sucesso do processo. Dessa forma, a empresa poderá passar a ter um ritmo mais rápido nos processos de decisão, sem que se travem as ações e rotinas normais no seu dia-a-dia.

  • É recomendável que se adote a postura de ‘Gestão Participativa x Altos Resultados Obtidos’, já que a criação e uso de IDRs é característica das lideranças que buscam gerenciar resultados e não tarefas.
  • Não é recomendável, que se use um modelo puro. É possível se obter bons resultados mesclando os modelos, em proporções diferentes, conforme o tipo de empresa e o nível de formação e dedicação dos colaboradores.

Gráfico

AUTOR

Prof. João Mariano de Almeida, administrador de empresas, com pós em RH e mestrando em Gestão de Negócios, atuando desde 1981 em Projetos de Melhorias de Resultados (produtividade/processos/qualidade, reduzir custos/desperdícios, marketing/vendas/gerar novos negócios, RH/motivação), em negócios familiares. Realiza também palestras gratuitas, com fins sociais, para recolher alimentos para entidades sociais. Cel. (11) 9 8514-0675 / skype: almeidamariano1952 / em: joaomarianoalmeida@gmail.com