Segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro para o ano de 2010 representou mais de 23% do PIB do país. Apesar desse grandioso número, a agricultura e a pecuária representaram juntas 25% do PIB do agronegócio (5,92% do PIB do país) — 14% para a agricultura e 11% para a pecuária. Onde estão os demais 75% do PIB do agronegócio?

A distribuição dos demais 75% do PIB do agronegócio de 2010 foi assim: 30% gerados na indústria processadora, 14% nos insumos para a agricultura e pecuária e 31% nas operações logísticas dos insumos e dos produtos.

O agronegócio representa muito e a agricultura e a pecuária, que dele fazem parte, representam pouco. Como explicar essa diferença? Em princípio, poderíamos dizer que o alimento e a energia gerados pela agricultura e pecuária são pouco valorizados pelo mercado, ou que o produtor rural trabalha quase de graça. Por quê?

Os elevados custos dos insumos impostos pelos fornecedores à agricultura e pecuária, os reduzidos preços impostos pelos compradores dos produtos, a ausência de uma política brasileira adequada para os preços mínimos e segurança alimentar, o sistema logístico brasileiro ineficiente, o câmbio desfavorável para a exportação e os subsídios dos governos da América do Norte e da Europa às suas produções agropecuárias fazem da produção rural no Brasil um setor que trabalha com elevada eficiência e baixíssimos lucros.

O produtor rural brasileiro, além dos fatores listados acima, enfrenta outras duas questões eminentemente políticas: a defesa do meio ambiente e a reforma agrária. Quanto à primeira, grupos que se autodenominam defensores do meio ambiente, mas que na verdade representam interesses de fortes setores da economia estadunidense e européia, tentam impedir a regularização e o desenvolvimento sustentado da produção rural propostos no projeto de lei do Código Florestal relatado pelo deputado federal Aldo Rebelo.

Quanto à segunda, movimentos sociais que se autodenominam “sem terra” com pretensões mais políticas do que produtivas, direcionam seus esforços para enfraquecer a união dos produtores rurais brasileiros por meio do embate entre a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Com todos esses problemas, nosso Homem do Campo continua trabalhando, aproveitando o desenvolvimento científico criado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e produzindo bem e barato. Para se ter uma ideia da dimensão da eficiência, conforme cita o ex-ministro Roberto Rodrigues, em artigo publicado na Folha de São Paulo em 30 de julho de 2011, “… em 20 anos, a área plantada com grãos cresceu 20%, enquanto a produção aumentou 179%”.

Quanto à pecuária, segundo o pesquisador Eliseu Alves da Embrapa, o efeito produtividade reduziu os preços da carne ao consumidor, a ponto de, em 2010, o cidadão da capital São Paulo pagar apenas 30% do que pagava em 1973.
No último dia 28 de julho, dia do produtor rural, poucos se lembraram de agradecê-lo. Faço aqui, a minha parte: obrigado aos homens e mulheres do campo e ao empresário da agricultura e da pecuária. Sem vocês, seria impossível o cidadão urbano matar a fome de cada dia e reduzir a poluição produzida pelos motores dos nossos veículos. Sem vocês, o Brasil não estaria com as suas finanças equilibradas. Muito obrigado!


Por Kleber Carlos Ribeiro Pinto, Professor da Faculdade de Gestão e Negócios (UFU)
Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br


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