Na linguagem popular, existem várias analogias entre o que ocorre com as plantas e as pessoas (organizações). Confira, neste ponto de vista, a visão do Prof. João Mariano, que é contribuinte constante do nosso Boletim, sobre o assunto. Vale a reflexão se temos ou não as qualidades vistas na natureza e essenciais à sobrevivência.

RESISTÊNCIA

“Enverga mas não quebra”, citando o guatambu (Aspidosperma parvifolium), que atinge de 8 a 15m de altura, tronco fino, madeira também pesada e dura, usada para diversos fins (construções, móveis, ferramentas, etc.). E também como paisagismo, por ser ornamental. Esse ditado popular está associado ao fato do guatambu não quebrar nas tempestades com ventos fortes, como acontece com muitas outras árvores, porque ele enverga e volta à sua posição original, quando passa a ventania.

O que é uma empresa que “enverga mas não quebra”? Aquela que tem resistência!

RESILIÊNCIA

O bambu, a madeira do futuro pelo aspecto sustentabilidade, há milênios dá forma a casas tradicionais em países como Japão e a China. No Brasil, encontramos as modalidades guadua (Guadua angustifolia), bambu-gigante (Dendrocalamus giganteus) e bambu-mossô (Phyllostachys pubescens). Mas sua resistência também surpreende: de frágil, ela não tem nada.

Como pode uma empresa ser como o bambu? Sendo capaz de se ajustar aos movimentos do ambiente (mercado) e retomar sua posição, ter prejuízos e retomar sua lucratividade, perder talentos e formar novos, enfrentar concorrentes difíceis e achar nichos onde atuar novamente, perder mercado nos produtos tradicionais e inovar criando alternativos, absorver uma carga gigantesca de impostos e ainda se manter competitiva, suportar os erros das políticas econômicas e se manter aberta, gerando empregos e injetando dinheiro na economia do país. Para manter sua resiliência fortalecida, a inovação deve ser uma filosofia constante na gestão, seja focada na organização interna, simplificando os procedimentos de registro de atividades, relatórios, análises dos resultados, como também nos processos operacionais, onde as reduções dos ciclos podem eliminar atividades que não agregam valor ou reduzir os tempos das que não agregam mas não podem ser eliminadas e das que são fundamentais. É necessário também uma gestão orientada para resultados e não tarefas, promovendo a capacitação constante das pessoas, a busca contínua de redução de custos e desperdícios nos processos, a manutenção de margens positivas nos produtos e negociações, o uso de orçamentos bem definidos para manter estruturas, colaboradores, tributos e sair ilesa dos erros das políticas econômicas.

FLEXIBILIDADE

Uma analogia popular no país é “chupar cana e assobiar ao mesmo tempo”, se referindo às pessoas capazes de fazer várias coisas diferentes e algumas até simultâneas.

Como pode uma empresa ser flexível? Mudando o rumo, se necessário, inclusive de produto fabricado. As edificações, máquinas, equipamentos e pessoas, o conhecimento, tudo junto, permite criar produtos inovadores, que podem ter novas demandas, quando os produtos atuais encalham. A manutenção da flexibilidade começa com investimentos nas pessoas, com uma área de P&D bem focada em inovações, criando novas utilizações dos produtos existentes ou novos produtos com suas matérias primas, equipamentos, tecnologia e conhecimento das suas equipes. É preciso investir continuamente em P&D, formação e reciclagem dos conhecimentos dos colaboradores, visitar feiras de negócios no país e exterior, pesquisar novidades tecnológicas em outras fontes.

ADAPTAÇÃO AO AMBIENTE

É comum falarmos: “é como tiririca, acaba o mundo mas ela continua”, referindo à extraordinária capacidade das ervas daninhas em sobreviver a condições extremas, como frio e calor, aos defensivos agrícolas, roçadeiras, capina, com rápida adaptação.

O que é uma empresa “como tiririca, acaba o mundo mas ela continua? Aquela que tem se adapta ao seu ambiente! Uma adaptação ao meio ambiente, também passa por investimentos em P&D, nas pessoas e criar uma cultura de velocidade de ações dentro da empresa, de cima para baixo, em todos os níveis. Surgiu uma nova situação de mercado que pode refletir negativamente na empresa, a situação deve ser analisada rapidamente e decisões corretivas tomadas, antes que os reflexos afetem os resultados. E também pelo planejamento e orçamentos de recursos, que permitam ter reservas orçadas, possibilitando investir na mudança de rumo e produtos, se necessário.

CAPACIDADE DE AGREGAR

Outra analogia popular “passaram mel, tem sempre alguém grudado nele”, diz respeito às pessoas que tem a capacidade de ter sempre alguém por perto, amigos, parentes e até desconhecidos. Na natureza, a bananeira, vive num núcleo, formando as chamadas moitas. Seu verdadeiro caule é um bolbo com capacidade de recrescimento todos os anos. A inflorescência dá lugar aos ‘cachos’, compostas por ‘dedos’ que são os frutos, geralmente de cor amarela. Pertence à família Musáceas e género Musa. A bananeira é uma planta herbácea ‘perene’, uma vez que após a frutificação as partes aéreas morrem, mas são substituídas por novos rebentos que crescem desde a sua base.

O que é uma empresa “ que passaram mel, tem sempre alguém grudado nela”? Aquela que tem a capacidade de agregar pessoas, colaboradores, fornecedores, clientes e até concorrentes à sua volta, permitindo maior facilidade para sobreviver quando surgem épocas de seca, economia complicada, mercado em queda. Capacidade de aprofundar suas raízes na comunidade, ter uma cultura e clima que faça as pessoas se sentirem bem, serem engajadas nos projetos de crescimento ou recuperação.A capacidade de agregar pessoas e até os “stakeholders” começa por uma boa política de RH e social da empresa, junto aos colaboradores e comunidade local onde está inserida. Gestores que valorizem pessoas e seu jeito de ser, que lidem com a comunidade como parte da cadeia produtiva. E dirigentes, que devolvam ao local, parte dos resultados em forma de benefícios, sejam sociais ou através de seus colaboradores, com salários adequados, oportunidades de carreira e ganhos melhores, mecanismos de reconhecimento e valorização.

João Mariano de Almeida, administrador de empresas, com pós em RH e mestrando em Gestão de Negócios, atuando desde 1981, em T&D (para formar e reciclar lideranças) e produtividade pessoal (com redução dos ciclos das atividades).

CONFIRA OUTRAS PUBLICAÇÕES DO AUTOR:

5 PASSOS PARA NÃO AFUNDAR SUA EMPRESA

GESTOR DE RESULTADOS X TAREFAS: QUAL RENDE MAIS?

5 ATITUDES PRODUTIVAS PARA HERDEIROS DE EMPRESAS FAMILIARES

SALTOS PARA ASPIRAÇÕES PESSOAIS E PROFISSIONAIS

A ESCADA DA CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

DESCENDO A LADEIRA (...) COMO EVITAR?